segunda-feira, 18 de julho de 2011

Novos rumos sobre avaliação de aprendizagem


A questão do ensino, em termos mais gerais, da própria Educação tem levado pesquisadores perceberem cada vez mais os problemas e os desafios que a cercam e esses quando demonstrados, normalmente o são através de inúmeros modelos de avaliação neste campo. Os escritores Marcos Vieira e Robinson Tenório apresentam um artigo que explicitam dados de acordo com a pesquisa de Guba e Lincoln, os quais discutem sobre avaliação numa perspectiva de Quatro Gerações, com a finalidade de questionar sobre a avaliação e seus modelos correntes. Assim, os respectivos autores ampliam o conceito da quarta geração para se alcançar a sustentabilidade da melhoria dos resultados.
O texto tem como objetivo trazer argumentos sobre o tema avaliação em educação, contextualizando no panorama apresentado por Guba e Lincoln, com a finalidade de sugerir “questões tensivas” sobre o próprio avaliar e seus modelos, mas qual seria a justificativa para esse objetivo? Os autores apresentam alguns dados como o do INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira- publicou os resultados comparativos das avaliações de desempenho, em matemática e português dos alunos de ensino fundamental e ensino médio realizadas entre 1995 a 2005. Nesses resultados, observa-se uma manutenção ou um declínio no nível de desempenho dos estudantes. Se existem grupos que estudam os resultados, também há aqueles que analisam as próprias avaliações, buscando verificar quão eficazes são essas no alcance dos seus objetivos. O dado do Inep e outros revelam que as avaliações educativas ainda apresentam diversos problemas, como legitimidade ainda vulnerável de muitos dos sistemas nacionais de avaliação da América Latina. Outros argumentos são desfavoráveis as avaliações educacionais, os exemplos são SAEB, ENEM, ECN dos seguintes autores: Carlini e Vieira (2005), Crepaldi dos Santos, Galindo (2005) e Covic, Tavares e Machado (2005). Em geral, os principais pontos são sobre o instrumento, a questão da restritiva da regionalização e cultura, noção de seletividade, inadequada, isolada, não chega ás mãos dos professores diretamente, etc.
Guba e Lincoln no livro A Quarta Geração da Avaliação, propuseram um novo modo de compreender o conceito de avaliação, que em vez de centrar seus argumentos nos aspectos técnicos, desenvolvem a compreensão na discussão problemas dos modelos presentes ao final da década de 1980, orientados pelos principais problemas processuais existentes na concepção de avaliação.
Os autores advertiam que o caráter científico da avaliação é menos referenciado, principalmente porque esse caráter não foi robusto o suficiente para dar conta das questões sociais, culturais e políticas. (Guba e Lincoln, 1989)
Os autores identificaram três categorias, que chamaram de gerações, medida, descrição de objetivos e julgamento que por sua vez, propõem o que para época seria um avanço conceitual, a saber, desenvolveram conceito e metodologia, o qual foi chamado de quarta geração. Esta última geração viria completar as lacunas reconhecidas das gerações anteriores e suas características são: o resultado de uma avaliação não é uma verdade, mas a construção social do sentido em dada situação; tal sentido é construído em um meio de valor, onde sistemas diversos têm valores diversos; essa construção é intimamente vinculada ao físico, psíquico, social, cultural, ou seja, contextualizada; a construção da avaliação deve ser participada com os interessados; a avaliação é uma tarefa do humano, portanto o avaliador deve ser considerado como ator no processo. Representando tal construção histórica as gerações são bem definidas e demarcadas por seu início, ainda assim todas elas são complementares. A primeira Geração se caracteriza ao analisar a avaliação no contexto escolar, indicaram que inicialmente, a avaliação era utilizada para determinar se o estudante conhecia o conteúdo apresentado pelos professores. Assim avaliação era um grande teste de memória dos estudantes, que implicava no reconhecimento de um sistema que media o conhecimento, pois o próprio conhecimento era mensurável, no sentido de que a escola produzia um conjunto de conhecimentos quantificáveis o “ato de medir é para além de uma mera técnica um modo de análise sobre o “quanto” um sujeito tem, no sentido de possuir um saber quantificável”. Essa geração tem como objetivo o diagnóstico e para tal utiliza-se de instrumentos de mediação, em sua maioria quantitativa.
A segunda geração começa após a Primeira Guerra Mundial com uma experiência nas escolas secundaristas americanas, por um período de oito anos foi permitido aos estudantes completar a escola secundária com conteúdos profissionalizantes. Assim, a diagnose passa a depender de um modo de análise mais qualitativo. Entretanto, Robert Stake trazia em 1967 o sistema de avaliação como julgamento, neste momento, o avaliador assume o papel de julgador, conceito este que fazia eco com a concepção de avaliação de Michael Scriven (1967). Dessa maneira, o caráter avaliativo avança para além de mera obtenção de dados, informações a tomada de decisão. As três maiores lacunas ou defeitos são: tendência ao gerencialismo; falha em acumular o pluralismo de valores; paradigma científico de pesquisar supervalorizado.
Com isso os autores, Guba e Lincoln, acreditavam que existia a necessidade de se pensar em uma alternativa sobre avaliação, para essa alternativa denominaram de Avaliação Construtiva Responsiva. Ela se apresenta de forma mais ampla/ avançada, as reivindicações, interesses e problemas sobre o objeto a ser avaliado são identificados pelos interessados, ou seja, pessoas ou grupos envolvidos na avaliação. Avaliar inclui as três primeiras gerações e a quarta, neste caso, a tomada de decisão na terceira se refere ao julgamento individual e a quarta inclui os interessados no processo avaliativo. Englobar os interessados é importante, pois são eles que são avaliados, são usuários da informação e participam mutuamente na construção do conhecimento.
A proposta de Viera e Tenório é justamente no ponto da quarta avaliação, com um método mais atual eles trazem a questão da sustentabilidade, que seria como os resultados positivos se permaneceriam de fato. Destacando neste texto a necessidade de incorporar ao conceito que finaliza a tomada de decisão, o avanço metodológico para uma melhoria sustentada do objeto avaliado, pois a negociação não garante a sustentabilidade dos resultados. Dessa maneira, um novo conceito poderia ser sugerido: avaliar é o diagnóstico para a tomada de decisão com vistas na melhoria do processo. O novo conceito inclui todas as outras dimensões de avaliação, porém estende a ação avaliativa para depois da tomada de decisão, ou seja, o “depois” dos resultados avaliados. O avaliador que na quarta geração compartilha a própria avaliação com os interessados, para este novo conceito, avaliador e interessados estão atentos e atuantes à efetividade da avaliação. A avaliação com o objetivo na melhoria deve ser planejada desde o início para tal, de forma que desde sua elaboração a avaliação já indique uma atuação que gere resultados sustentáveis.
Ao todo o texto considera dados importantes de métodos avaliativos, mas ao invés de se concentrar em resultados analise também o próprio processo/ ato de avaliar. Que tipo de avaliação o Brasil tem nas escolas? Que relação de ensino-aprendizagem existe nos contextos escolares? Exames e Provas podem se resumir em avaliação? Todas essas perguntas estão implícitas no texto, pois o ato de avaliar é intrínseco ao humano e o que se observa é que a avaliação se torna restrita, apenas quantitativa sem uma busca de melhoria dos resultados e a culpa sempre recai nos estudantes (interessados) que na maioria das vezes não estão incluídos na avaliação. Esse texto além de propor um novo conceito nos remete a reflexão sobre o tema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário